ALBINO ALVES DO AMARAL

Nas eleições de vereador para o quatriênio 1869/1872, Albino Alves do Amaral, lavrador, foi eleito com 244 votos. Uma votação significativa, indicando que ele pertencia à corrente majoritária daquele pleito, ou seja, ao Partido Liberal. Em 3/2/1874 fez parte de uma comissão nomeada para examinar as obras na estrada de Campinas, junto com Francisco Bueno de Miranda e Jesuíno Antônio Corrêa da Silva.
Albino Alves do Amaral adquiriu de Elias Lourenço Gomes, em 1875, um imóvel na rua da Constituição, mas foi dono de um grande patrimônio, cujo imóvel mais importante, que abrangia as atuais ruas Albino Alves e Antônio Prado, foi por ele vendido em parcelas, ao abrir essas vias públicas, por volta de 1881 a 1883. (Atas, 4:90v, 95v e 130v). Mas também fez outros negócios: Albino Alves do Amaral comprou de João Manuel Gonçalves um terreno em frente da Estação da Mogiana em 11/11/1875 (1º of., 35:28v) e tinha terras na zona rural, tendo pedido engenheiro para traçar estrada que ligue a Estação de Coqueiros ao seu bairro. (Atas, 3:326)
Aliás, nessa ocasião foi apresentada petição de Albino Alves do Amaral e Antônio Rodrigues da Silva pedindo a desapropriação de terreno para “abertura de um caminho que do bairro dos peticionários vai à estação de Coqueiros”; a maioria dos proprietários cederia o terreno para passagem, mas 3 deles exigiram desapropriação; o assunto foi entregue a uma comissão especial. (Atas,3:309)
Em 1880 seria novamente eleito, desta vez para o cargo de Juiz de Paz, com 161 votos, concorrendo mais uma vez pelo Partido Liberal. Também nesse ano servia como “inspetor de caminho”. Em 1882 participou da reunão do Partido Liberal na casa do Comendador Joaquim Pinto de Araujo Cintra, convocada para a eleição de um diretório municipal. Voltaria a ser eleito ainda no Império em 1883, quando reclamou à câmara contra o fato de ter sido classificado como “capitalista” para fins tributários (“capitalistas” eram, para fins tributários, “os indivíduos que fazem profissão habitual de dar dinheiro a juros”, segundo parecer da câmara – Atas, 5:12v e 19v). Nesse mesmo ano mandou fazer melhoramentos no Matadouro, durante um período em que não houve nenhuma sessão, assumindo a responsabilidade pelos mesmos, mas seu procedimento foi aprovado pela câmara (Atas, 5:29). Havendo se envolvido na polêmica sobre a estrada da Vargem Grande, acabou declarando na sessão de 23/6/1886, que mudara de opinião depois de ir até aquele bairro, pelo que passava a sustentar o traçado antigo era melhor do que o novo (Atas, 5:90). Foi um dos vereadores mais ativos dessa legislatura,
com numerosas indicações aprovadas, como a contratação de três “conservas” para trabalhar diariamente na limpeza das vias públicas (Atas, 4:170v), a ampliação dos limites da cidade “para os lados do Lazareto”, para evitar construções sem alinhamento (Atas, 4:171) e a elaboração de planta para o Matadouro, bem como a realização de obras nesse próprio municipal. (Atas, 5:5)
Ocupou também os cargos de Juiz de Paz (Atas, 4:48)e de Inspetor de Caminho (Atas, 4:31v). Fez parte do Conselho de Intendência, nomeado após a dissolução da Câmara em 1891 (Atas, 7:143/143v).
Em 1898, já na República, era de novo vereador e renunciou ao cargo alegando motivos de saúde.
Um dos nomes mais conhecidos de políticos amparenses do século XIX, Albino Alves do Amaral é, entretanto, um desafio para quem pesquisa o passado da cidade. Existe uma rua Albino Alves, existiu até um clube de futebol com seu nome, sua bandeira do Império está guardada em nosso museu, mas há uma dúvida que persiste entre algumas pessoas: quem é Albino Alves do Amaral? quem são seus pais? e quem é o Albino Alves de Oliveira que também aparece nos textos?
A resposta é que são duas pessoas diferentes, mas aparentadas e que viveram na mesma época, próximas bastante para causar certas incertezas. Para agravar a confusão existem vários homônimos de Albino Alves de Oliveira e nem sempre é mencionado o nome completo.
Albino Alves do Amaral, batizado em 1839, era filho de
Jacinto Alves do Amaral e de Justina de Cerqueira César Justina era viúva de João Domingues de Alvarenga, irmão de Jacinto). Jacinto pertencia a uma das mais antigas famílias de Amparo, integrando o clã da família Siqueira de Alvarenga, vinda de Atibaia nos primeiros anos do século XIX. Foi difícil encontrar sua filiação, só definida depois de encontrar uma escritura de 1887 em que João Cardoso de Oliveira e sua mulher Francisca Eulália de Freitas vendem a Albino Alves do Amaral parte na casa n. 14 da Rua Direita, “em comum com o comprador e outros herdeiros da finada Justina de Cerqueira César, de quem os outorgantes houveram por herança” (1ºof.75:60).
Ao que parece, até agora, Albino Alves do Amaral nunca se casou.