LUÍS DE SOUSA LEITE

Vereador eleito em 1873, com 109 votos, o Alferes, depois Coronel, Luís de Sousa Leite, depois Barão do Socorro e Comendador da Ordem da Rosa, foi prestigioso chefe conservador, que, em 1889 aderiu à república e renunciou ao título, passando a chefiar o Partido Repúblicano. Havia libertado seus escravos antes da Abolição e se tornara um ardente defensor da extinção da escravidão. (EFA, - EFA, 45, 57, 65,92, 93, 95, 96/97, 109,113)
Em agosto de 1874 estava em exercício do cargo de Delegado de Polícia, pelo que faltou ás sessões da Câmara. (Atas,3:223).
Logo Luís Leite passou a ser chamado para outros encargos. Na sessão de 28/5/1877, ao “tratar-se dos preparativos para recepção dos distintos hóspedes Imperiais nesta cidade por todo o mês de Junho”, a Câmara deliberou “nomear em cada bairro uma pessoa para os ajudarem, sendo os nomeados: Antônio Gonçalves de Oliveira Bueno, Luís de Sousa Leite, Paulino Xavier da Silveira e outros (Atas, 3:323). E no dia 3/9/1877 entre as comissões nomeadas para angariar donativos para a construção do Monumento da Independência do Brasil no Ipiranga, constavam nos bairros do Silvestre e Sujo: Joaquim Inácio da Silveira, Pedro José Pastana, e Luís de Sousa Leite. (Atas, 3:336)
No ano seguinte entrou em atrito com a Câmara, porque esta o convocou em 7/1/1878 para assumir o cargo de Juiz de Paz, de que era suplente, em lugar de João Batista de Campos Cintra, que havia se mudado do município. Luís de Sousa Leite pediu dispensa de prestar juramento de Juiz de Paz em lugar de João Batista de Campos Cintra. (Atas, 3:349). A Câmara então oficiou a Antônio Gonçalves de Oliveira Bueno, 3º Juiz de Paz, para entrar em exercício no 2º ano, visto João Batista de Campos Cintra, 2º Juiz de Paz, ter mudado de município. (Atas, 3:352).
Mas a Comissão Permanente estudou ofício de Luís de Sousa Leite e entendeu que a escusa não podia ser aceita por faltar competência à Câmara – reiterou, por isso, o convite para prestar juramento de Juiz de Paz. (Atas, 3:353). Em 22/3/1878 a Câmara recebeu ofício de João Batista de Campos Cintra, comunicando ter voltado a morar em Amparo – indagava se seria reintegrado no cargo de Juiz de Paz. (Atas, 3:357)
Estranhamente, a Câmara reiterou, em 23/9/1878, ofício ao Alferes Luís de Sousa Leite convite para prestar juramento de 4º Juiz de Paz, “em lugar de João Batista de Campos Cintra, que participou ter mudado sua residência deste município, tendo por isso perdido o direito que tinha a esse cargo, declarando mais que esta Câmara não pode atender motivos de escusa a não ser legalmente justos”. (Atas, 3:383)
Luís de Sousa Leite retrucou por ofício em 21/10/1878: “comunicando que deixava de comparecer na sessão desse dia afim de prestar juramento de Juiz de Paz, em falta do que se diz haver mudado para Bragança, por entender que vai ocupar esse cargo ilegalmente, visto que a mudança não se deu, como é notório”.
Encaminhou outro ofício ao Presidente da Província, reclamando: “E sabendo-se que o Juiz de Paz fora casar-se em outro município, sem dispor da situação que tinha neste (município), e que apenas casado, voltou e comprou uma fazenda neste município, mediando do casamento à compra da fazenda só dois meses, parte dos quais como disse esteve na antiga situação que é conservada, além da que comprou, por isso reclamou contra o ato da Câmara e informou o ocorrido, fazendo ver que tal mudança não se realizou, e que a Câmara não atendeu a sua reclamação, declarando que por ter o Juiz de Paz participado que mudou-se e ter ela aceitado essa declaração, havia o mesmo perdido o direito ao emprego ou cargo, e nestes termos rogava ao Exmo. Presidente da Província, como superior legítimo para conhecer das contestações desta ordem entre as Câmaras Municipais e as pessoas que se acham prejudicadas em seus direitos, declarando se tinha o direito a opor-se ao juramento exigido para ocupar o lugar de aquele Juiz de Paz que se diz mudado, mas que é notório não o estar, podendo informar-se desta Câmara a respeito”. O Presidente da Província encaminhou esse ofício à Câmara de Amparo para informar. Esta nomeou uma comissão composta de Godoy Jorge e Pimentel para responder. (Atas, 3:385386)
O parecer sobre o requerimento de Luís de Sousa Leite foi ambíguo e meramente descritivo. Foi aprovado esse parecer (meramente informativo e que não tem conclusão) e remetido ao Presidente da Província, junto com o requerimento de Luís Leite. (Atas, 3:396)
Finalmente, em 13/1/1879, um ofício do Presidente da Província determinou: “tendo em vista o que lhe representou o cidadão Luís de Sousa Leite, e informação desta, declarava que, não havendo mudado definitivamente da Paróquia, o segundo Juiz de Paz é apto para exercer o cargo, ainda mais quando fez disso ciente a Câmara”. Um ofício de João Batista de Campos Cintra chegou, informando ter entrado em exercício de Juiz de Paz. (Atas, 4:1v). Assim terminou esse incidente, motivado muito mais pelo sectarismo partidário, do que pelas regras jurídicas ou pela conveniência administrativa.
Em 1885 era Inspetor de Caminho, cargo que o obrigava a supervisionar a conservação de determinada estrada, e que geralmente era ocupado pelo principal fazendeiro do bairro. (Atas, 5:22v)
Em compensação, em 2/4/1886, consta da ata da Câmara que, às 14 hs. foram os vereadores Dr. Araújo, presidente, Albino Alves e Almeida Sobrinho, à Estação afim de receber o Conselheiro Presidente da Província e conduzi-lo “até o palacete do alferes Luís de Sousa Leite, onde vai hospedar-se com sua comitiva” (Conselheiro João Alfredo?) (Atas, 5:73)
Em 1887 foi reeleito vereador e eleito Presidente eda Câmara. (Atas, 5:128 e 128v))
Em 13/1/1887 um livro de ouro para libertação de escravos foi proposto por Luís de Sousa Leite. contra os votos de Carlos Augusto do Amaral Sobrinho, Joaquim Bernardino de Arruda e Joaquim Mendes do Amaral. (Atas, 5:133 e 133v) Luís de Sousa Leite prometeu dois contos de réis para o livro de ouro ou a liberdade de quatro de seus escravos, que libertou a seguir. (Atas, 5:134 e 192)
Após o 15 de Novembro, Luis Leite, que era então o Presidente da Câmara, aderiu à República, mas manteve a instituição funcionando. Só em março de 1890 ele propôs a auto-dissolução da Câmara, quando já era iminente a instalação de um Conselho de Intendência.
O golpe frustrado do Marechal Deodoro, apoiado pelo Presidente do Estado de São Paulo, Américo Brasiliense de Almeida Melo, resultou na queda de ambos. Em Amparo, o Conselho de Intendência havia apoiado Américo Brasiliense, perdendo o apoio das principais lideranças locais. Em 14 de dezembro de 1891, uma multidão liderada por Luís de Sousa Leite, Dr. Joaquim José da Silva Pinto Jr., e Dr. João Nepomuceno Nogueira da Mota, que compunham a Junta Revolucionária, proclamou a deposição do Conselho de Intendência e das demais autoridades locais partidárias de Américo Brasiliense.
Na República ainda foi senador estadual, mas derrotado nas eleições municipais de Amparo de 1905, retirou-se para São Paulo onde faleceu (há uma tradição de que teria falecido vítima de ferimentos sofridos num atropelamento por uma carruagem).
Grande fazendeiro de café em Amparo, foi o maior fator de progresso para a cidade, financiando, custeando e incentivando a realização de obras e serviços públicos, que tornaram Amparo uma cidade dotada de todos os melhoramentos. Foi o grande responsável pela criação do Grupo Escolar que leva o seu nome, o primeiro do Estado.
Pertencia a uma família que migrara em princípios do século XIX do Vale do Paraíba para Mogi Mirim, ligada aos Sousa Freire, outro clã importante na história de Amparo. Casou em 1868 com Deolinda Leite de Sousa Arantes, filha de Francisco Batista de Assis Arantes e de Maria Rosa de Sousa, neta paterna de João Batista de Assis Arantes, vereador em Amparo, e de Mariana Isabel de França, neta materna de Antônio de Sousa Melo, de Mogi das Cruzes e de Justiniana Maria de Jesus, sua primeira mulher. Deolinda fora casada em primeiras núpcias em 1864 com seu tio Francisco de Sousa Melo, filho de Antônio de Sousa Melo e Justina Maria de Sousa (CA-5:60). Luís de Sousa Leite e Deolinda tiveram:
2.4.1 - Lídia de Sousa Leite, casada com seu primo irmão José Leite de Arruda, sem geração;
2.4.2 - José Leite de Sousa, bacharel em direito, deputado estadual, foi redator do "Diário do Amparo" por volta de 1900. Foi casado com Carlota Cordeiro, filha do major Antônio José Alves Cordeiro e de sua segunda mulher Ana Franco da Silveira; com geração no título Godoys;
2.4.3 - Luís Leite Júnior (o Dr. Lulú Leite), bacharel em direito, deputado estadual em 1902, casado com Brandina Aranha, filha do Capitão Joaquim Paulino Barbosa Aranha e de Brasília de Sousa Melo, por esta, neta do Capitão Antônio de Sousa Melo e sua segunda mulher Carolina Leopoldina Aranha.
2.4.4 - Maria de Sousa Leite
2.4.5 - Luíza de Sousa Leite, casada com o médico e escritor Cláudio de Sousa Júnior, presidente durante muitos anos da Academia Brasileira Letras, filho de Cláudio Justiniano de Sousa e de Antônia Barbosa (SL,2:324)
2.4.6 - Antenor de Sousa Leite
2.4.7 - Sofia de Sousa Leite
2.4.8 - Raul de Sousa Leite, médico, vereador, casado com Maria Efigênia Pimentel de Sousa Leite, tragicamente morto