BERNARDINO JOSÉ DE CAMPOS JÚNIOR

Bernardino José de Campos Júnior, nasceu em Pouso Alegre em 6 de setembro de 1841, quando seu pai, vindo de Campinas, ali servia como juiz de direito. Matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1859, bacharelando-se em 1863. Casou em 1864 com D. Francisca de Barros Duarte, filha do Alferes José de Barros Dias, de Portugal, e de Inácia Joaquina Duarte, de Itu. (EFA, 40, 210)
Em 1866 fixou residência na cidade de Amparo, dedicando-se à advocacia e ao jornalismo. Aqui ficou até 1888. Nesse período colaborou no "Correio Paulistano", na "Gazeta de Campinas", na "Província de São Paulo" e no "Diário Popular". Em Amparo dirigiu a "Tribuna Amparense", jornal republicano já em 1873, e fundou em 1884 "A Epóca", também orgão republicano. Fundou em Amparo em 1871 o segundo Club Republicano do Brasil (o primeiro foi o do Rio de Janeiro). Em 19 de agosto de 1872 fundou com um grupo de companheiros a Loja Maçônica Trabalho. Foi também um dos fundadores do Club 8 de Setembro em 1885.
Foi um dos maçons amparenses que outorgaram procuração em 4/3/1875 ao Conselheiro Saldanha Marinho para reclamar do Governo Imperial contra as bulas papais que excluiam os “pedreiros livres” dos atos da Igreja. (1º of., 33:162v/164v)
Bernardino de Campos teve propriedades em Amparo, havendo menção na ata da Câmara de 19/2/1877 sobre um esgoto no final da Rua da Constituição (Rua Barão de Campinas) entre “os pastos do finado Antônio Pinto de Araújo Cintra e o do Dr. Bernardino de Campos”. (Atas,3:309)
Foi um fervoroso abolicionista, ligando-se aos grupo dos "caifazes" de Antônio Bento, embora este abolicionista fosse conservador, enquanto Bernardino, antes de ser republicano, tinha sido liberal. Aliás, Bernardino foi uma das vítimas no violento conflito entre liberais e conservadores durante a apuração das eleições de 1871, na Igreja do Rosário. Esse incidente ocorreu quando o grupo dos Godoy Moreira, de Pedreira, se desentendeu com a facção dos Silveiras e Cintras, lideradas pelo Barão de Campinas. Bernadino de Campos, que era liberal, envolveu-se na briga, apesar de sua compleição franzina, e acabou sendo um dos muitos feridos.
Foi eleito vereador para o quatriênio 1877/1881, sendo empossado no dia 15/1/1877. Nessa ocasião também foi eleito outro republicano, Peixoto Gomide. (Atas, 3:301). Na sessão do dia 16/4/1877 foi apresentada uma indicação de Bernardino e Godoy Jorge: encaminhar uma representação ao Poder Legislativo (do Império) sobre a necessidade de estabelecer no país “plena liberdade religiosa”, “para aumentar a população moralizada e determinar a fixação de capitais no pais” (sic) (Atas, 3:319) Essa proposta foi apoiada por Peixoto Gomide, mas foi rejeitada em 1/6/1877. (Atas, 3:325/326)
Tendo Peixoto Gomide em 4/12/1878 se declarado republicano e em oposição à maioria da Câmara, Bernardino tomou a palavra para dizer que “isso dará ensejo a que por sua vez declare que politicamente era francamente oposicionista como republicano e quanto aos atos de administração decidir-se-ia pelo que fosse justo”.
Bernardino de Campos se reelegeu vereador em 1881 para o quatriênio seguinte, mas a legislação eleitoral foi alterada, reduzindo o mandato para dois anos.
Em 1888 foi eleito deputado provincial pelo Partido Republicano e exerceu papel importantíssimo na proclamação da República. Foi o primeiro chefe de polícia do Estado de São Paulo, líder da bancada paulista na Câmara Federal, Presidente da Câmara, em oposição ao Marechal Deodoro, Ministro da Fazenda duas vezes, e Presidente (governador) do Estado de São Paulo duas vezes, e senador também por duas vezes. Morreu em 18 de janeiro de 1915. De seu casamento com Francisca de Barros Duarte deixou:
1 - Dr. Carlos de Campos, nasceu em Campinas (outras fontes dizem que em Amparo), em 1866, mas fez os cursos primário e secundário no Amparo. Bacharel em Direito em 1887, advogou em Amparo até 1891. Republicano ardoroso como o pai, elegeu-se em 1891 Intendente Municipal de Amparo. Mudando para São Paulo foi eleito deputado estadual, cargo que exerceu até 1896, quando foi nomeado Secretário de Justiça do Estado. Em 1901 era deputado federal, chegando a presidente da Câmara Federal em 1907. Em 1915 era senador estadual. Em 1923 foi eleito Presidente (governador) do Estado de São Paulo, tomando posse em maio de 1924. Logo depois rebentou a sangrenta revolução comandada pelo General Isidoro, na qual Carlos de Campos ficou cercado no Palácio, enquanto a cidade de São Paulo era duramente bombardeada pela artilharia federal. Debelada a revolução Carlos de Campos continuou no exercício de seu mandato, vindo a falecer em 27 de abril de 1827. Foi casado pela primeira vez em 1889 com sua prima irmã Celeste de Campos Braga, filha de D. Amélia de Campos com o português Francisco Braga. Sem descendência desta, Carlos de Campos se casou novamente, na cidade de Amparo, em 1891, com D. Maria Lídia de Sousa, de Resende, filha do Comendador Antônio Augusto de Sousa, da cidade do Rio de Janeiro, e de Lídia Ribeiro de Sousa, natural de Campos, no Estado do Rio de Janeiro.
2 - Francisco de Campos, amparense, faleceu na infância.
3 - D. Alice de Campos, amparense, casada no Amparo com o Coronel Ângelo José de Araújo, filho de José Joaquim de Araújo e de Maria Francisca de Araújo, naturais de Campos, no Estado do Rio de Janeiro.
4 - Dr. Américo de Campos Sobrinho, amparense, nascido a 19 de abril de 1871, bacharel em Direito em 1891, delegado de polícia e depois chefe de polícia da capital. Participou da defesa de São Sebastião e de Santos contra os navios rebeldes, acabando por ser nomeado major do Exército. Mandado para o Canadá para organizar uma tentativa de atrair imigrantes de lá, nada conseguiu, mas convenceu um grupo de empresários canadenses a formar a Light and Power, que se instalou no Brasil no ramo de fornecimento de energia elétrica. Esteve depois em Lisboa e Málaga, a serviço do governo.
Em 1898 foi eleito deputado estadual. Novamente eleito em 1915 foi sucessivamente reeleito até 1927, quando passou a senador estadual, posto que exerceu até 1930.
Casou em 1914 com Zefira Caramelli, paulistana, filha dos italianos Antônio Caramalli e Rosa Caramalli. Faleceu sem descendência em 1933.
5 - D. Lucília de Campos, amparense, casada com o Dr. Alfredo de Campos Sales, filho do comendador José de Campos Sales, este tio do Presidente Manuel Ferraz de Campos Sales.
6 - D. Albertina de Campos, amparense, casada com Renato Miranda, filho de Jorge Miranda e sua segunda mulher D. Elisa de Azevedo Miranda. Jorge de Miranda era irmão do General Francisco Glicério.
7 - D. Clarisse de Campos, amparense, solteira
8 - Dr. Mário de Campos, amparense, engenheiro pela Politécnica, foi diretor da Secretaria de Viação e Obras Públicas. Casou com D. Jacyra de Campos Pereira, filha do Dr. Antônio Batista Pereira, que foi juiz em Amparo e depois Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.
9 - Fausto de Campos, amparense, falecido menor.
10 - Dr. Sylvio de Campos, amparense, mudou ainda jovem para a capital, onde fez os estudos secundários. Ingressou na Escola Naval, no Rio de Janeiro, mas teve que dar baixa, por ter contraído febre amarela. Voltando a São Paulo estudou engenharia na Politécnica, mas acabou se formando em Direito. Promotor público na capital, deixou o cargo para advogar. Ingressou na política no Partido Republicano Paulista foi deputado federal, sendo o candidato mais votado em todo o país. Em 1932, tendo tomado parte ativa na Revolução Constitucionalista, foi exilado, mas retornou à política depois de anistiado. Foi incorporador e primeiro presidente da Companhia Brasileira de Cimento Portland S.A.
Foi casado em 1901 com D. Maria Susana Dias de Toledo, filha do Dr. Manuel Dias de Toledo e de D. Adelaide de Campos, neta paterna do Conselheiro Dr. Manuel Dias de Toledo e de D. Isabel Martins Bonilha, neta materna de Antônio Franco de Camargo Andrade e de D. Amélia de Campos, esta irmã do Dr. Bernardino de Campos.
11 - Pérsio de Campos, nascido em Amparo faleceu ainda menor.
12 - D. Angelina de Campos, amparense, casada com Paulo Dias de Azevedo Júnior, filho de Paulo Dias de Azevedo e de Maria Antônia Álvares de Azevedo.
13 - Dr. Almírio de Campos, amparense, juiz no Rio de Janeiro, Curador Fiscal das Massas Falidas em São Paulo, solteiro.
14 - Clotilde de Campos, nascida em Amparo, falecida ainda menor.
15 - Dr. Deodoro de Campos, nascido em São Paulo, advogado da Light no Rio de Janeiro. Faleceu em São Paulo em 1938. Foi casado com Mercedes Horta Rabelo, de Minas Gerais.
16 - Alcides de Campos, nascido em São Paulo, faleceu em 1918, quando estava para doutorar-se em medicina. Era casado com Gilda de Sá Pereira, do Pará.